O Poder em Jogo

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sábado, 3 de setembro de 2011

Chimamanda Adichie: O perigo de uma história única










O perigo de uma história única

A palestra “O perigo de uma história única”, da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie é uma verdadeira aula para percebermos as mazelas causadas pela historiografia etnocêntrica levada aos povos africanos. O mundo é um palco onde se digladiam as versões, e o poder é usado para impor a história única como se fosse toda a verdade.

Logo no início, a escritora conta como fazia mal a ela, não fazer parte da literatura, como personagem, já que os livros disponíveis na Nigéria de sua infância eram os escritos pelos colonizadores britânicos. Os personagens dos livros que lia gastavam boa parte dos dias falando sobre o tempo: “Será que vai fazer sol amanhã?”. Fazia todo o sentido para um britânico, mas era estranhíssimo para uma menina nigeriana, na medida em que não era apenas um dos mundos ao qual tinha acesso através dos livros, mas toda a literatura disponível. E confronta ao final da palestra com a parte na qual ela narra quando se tornara escritora, e é cobrada que seus romances não seriam suficientemente “africanos”. Como se ela só pudesse existir como narradora de uma determinada maneira, como se só pudesse contar uma única história. Como se um escritor de uma comunidade carente do Rio de Janeiro, por exemplo, só pudesse escrever sobre a violência e só pudesse escrever usando gírias cariocas. A arte é o território da liberdade. E da reinvenção. Nela, podemos qualquer coisa. Até sermos nós mesmos.

Concordo com uma afirmação feita logo no início do vídeo em que a history teller (contadora de história) diz o quanto somos impressionáveis e vulneráveis face a uma história, principalmente quando somos crianças, e por sermos crianças não podemos questionar que possam existir diferentes histórias para um mesmo assunto. Somos induzidos a acreditar em tudo que nos mostram.

Quantas histórias únicas nós temos? E se contássemos a história do nosso país pelos olhos dos índios e não dos portugueses que nos colonizaram? “O problema dos estereótipos não é que eles são errados, mas são incompletos.”, diz Chimamanda em sua palestra. A história final acaba sempre contada por aqueles que têm mais poder e acabam assim se tornando a identidade definitiva de um povo, o limitando, restringindo-o, fazendo com que este perca sua dignidade e se despersonifique. É o que acontece, por exemplo, com o Brasil: somos o país das mulheres bonitas, do Carnaval, do samba, da violência e do futebol. Até parece que não somos nada além disso. Somos tantas coisas e lá fora somos barrados nos aeroportos por carregarmos esse estigma gerado por todas essas diferentes versões de uma mesma história única que há muito é contada sobre nós. O estigma de existirem aqueles que são mais e melhores, e os que são menos e inferiores, foi o mesmo adotado por Adolf Hitler para justificar seu ódio para com os judeus, por exemplo, e diariamente por todos aqueles que se sentem do direito de oprimir e subjulgar pessoas, povos e culturas, simplesmente por elas terem crenças e culturas diferentes.

Necessitamos renovar o senso-crítico que possuímos enquanto povo brasileiro, e resgatar a educação e alguns valores para essa geração que fazemos parte e as posteriores. Esse é um momento muito particular do nosso país, em que crescemos economicamente como nunca antes, mas culturalmente falando, permanecemos estagnados no tempo, com uma educação que deixa muito a desejar e nos impede de prosseguir e moldar nossa própria identidade. É preciso educar para formar os tipos de homens e mulheres que queremos. Além disso, perceber o quanto é necessária essa mudança, também faz com que nós tentemos olhar o mundo não mais sobre a perspectiva da diferença, mas sim da semelhança. E se contássemos outras histórias que não as que estamos acostumados a ouvir sobre os pobres, os ricos, a escola, os nordestinos, os homossexuais, os árabes, muçulmanos? O que eles têm em comum conosco, o que a mídia e a sociedade escondem sobre esses grupos? O que está por trás do que assistimos na televisão e lemos nos jornais? É importante resgatar esse tipo de senso-crítico, para que possamos andar para frente, ver que existem outras culturas além das muitas existentes no nosso “mundinho” ocidental.

Destaco ainda a parte que a escritora nigeriana salienta: “É impossível falar sobre história única sem falar de poder. Há uma palavra da tribo nigeriana Igbo, que eu lembro sempre que penso sobre as estruturas do poder no mundo, é a palavra “nkali”. É um substantivo que corresponderia a: “ser maior do que o outro”. Nos nossos mundos econômicos e políticos, histórias também são definidas pelo princípio do “nkali”. Como são contadas? Quem as conta? Quando e quantas histórias são contadas? Tudo realmente depende do poder. Poder é a habilidade de não só contar a história de uma outra pessoa, mas de fazê-la a história definitiva daquela pessoa. O Poeta palestino Mourid Barghouti escreve que se você quiser destruir uma pessoa, o jeito mais simples é contar a sua história”.

Por fim, saliento a forma da palestra, na qual a escritora nigeriana explora todo seu argumento feito de embates narrativos para mostrar como a história única aniquila a vida. A escritora desenvolve todas as principais questões e todos os principais conceitos a respeito dos discursos sociais e da importância crucial da ficção, mas sem usar um termo empolado, sem usar um milímetro de jargão especializado, recorrendo tão somente à sua própria experiência de mulher, de negra, de africana e de escritora. A clareza é a gentileza do filósofo, lição que muitos acadêmicos não conseguem aprender. Eu ainda iria mais além, afirmando que a clareza é a obrigação de quem quer ser bem entendido, e o humor seria a verdadeira gentileza agregada a esta clareza.

domingo, 3 de abril de 2011

CASO BOLSONARO: A VOZ DE UMA PARCELA

Olá, meus caros!



Esta semana tivemos alguns fatos políticos consideráveis, como a constatação de água contaminada pro radiação próximo aos reatores da cidade de Fukushima, no Japão, o fato de sua excelência, o Tiririca ter utilizado dinheiro público para o pagamento de despesas com um resort ou, ainda, a divulgação do inquérito da Polícia Federal que confirma a existência do complexo sistema do Mensalão (negando comentários recentes de Lula sobre o tema). Mas, com certeza, houve um tema que ganhou notoriedade instantânea no cenário político brasileiro. As declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) ao quadro "O povo quer saber", do CQC (Band) causaram uma represália massiva não só no Brasil, como em partes consideráveis da comunidade internacional. A repercussão é tanta que a ONU, por meio da UNESCO, se fez consentida com tamanha ferocidade aos direitos humanos. De fato, este foi o fato da semana no aspecto político e, eu não podia deixar de falar.

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Bolsonaro e a combinação homofobia/racismo


Convenhamos que o deputado Bolsonaro realmente se traveste de defensor irrestrito da soberania do estado nacional. Em meio à ampliação da confirmação do espírito neoliberal em todo o mundo, as únicas tiranias resistentes se encontram em países pouco desenvolvidos industrialmente ou, amarrados ideologicamente à religião (O que a "luz" do Ilumininsmo consagrou um erro). Portanto, é facilmente crível na pouca orientação de nosso legislador. Mas a aceitação de parte considerável da população carioca (que tem garantido-lhe uma vaga certa no legislativo nacional por seis mandatos consecutivos) reflete uma concepção no mínimo curiosa: A insatisfação acerca das deliberações de uma democracia fragmentada. E a reclamação, por hora, até consegue proceder, pois a desorganização social é uma tônica do capitalismo organizado, este que é tanto promulgado pelas democracias. Bolsonaro é um reacionário clássico. Decende da ideologia militar, que respaldou grandes monstros na época ditatorial do Brasil. Até aí o que temos a dizer dele é símples. "Defensor da Ditadura!". E também não é uma afirmação infame, já que ele próprio confessa devoção aos ditadores Geisel e Medici. Agora, os comentário que deu na entrevista revelam além do óbvio preconceito advindo certamente da sua formação militar, uma frustração que compete à atual situação social e política. Temos uma direita que não se pronuncia direita. Prefere se enunciar esquerda até o fim dos tempos. Alguém arriscaria dizer o nome de tal ParTido??? Melhor não, pois a verdadeira ditadura em evidência no momento é a que ataca ferozmente o novo inimigo público. E a direita histórica, representada pelo PSDB e pelo DEM (Antigo PFL) simplesmente não tem visibilidade suficiente para discutir algo com o governo, a não ser por meio de negociações com partidos de centro. Quando do discurso efusivo e determinado do ex-capitão do Exército Bolsonaro, a coitadinha da situação que se faz oposição se lança em uma torrente de indagações e insultos, como se não quisesse largar mão do momento de se afirmar como "a eterna salvadora da pátria". Portanto, a indignação de muitos foi com a audácia de sua aparição em meio a um programa que detém a sina de ser o obstinador da juventude pensante. Uma audácia dupla. A pergunta que fica (E quero que você responda, pois não sou um tirano) é: Quem está exercendo a tirania? Bolsonaro, que ao emitir suas opiniões, fascistas e preconceituosas, ou a população junto ao governo, que vêm demonstrando uma completa insatisfação com o seu ideário?


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Valeu, galera!!! Espero que tenham gostado deste post! Vou deixar exposto o vídeo da entrevista de Bolsonaro para melhor elucidar a opinião de vocês! Não me definhei a falar da controvérsia a partir da pergunta de Preta Gil por achar que houve realmente um imbróglio na edição da matéria. E quem supõe é o próprio Marcelo Taz!



   
E aqui estão as fontes utilizadas para a confecção do artigo!

http://www.comunique-se.com.br/blog/conteudo/home.asp?idBlog=67&id_destaque=321735

http://hallisonliberato.blogspot.com/2011/04/jair-bolsonaro-x-preta-gil.html

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,unesco-pede-apuracao-de-declaracoes-de-bolsonaro,700093,0.htm

Saudações e até a próxima!!!

terça-feira, 15 de março de 2011

O ADVENTO DA DEMOCRACIA

Olá, meus caros! 

Muammar Kadhafi discursa para a TV estatal da Líbia (Foto: Reuters)


Quando fiquei sabendo de um dos primeiros levantes no mundo árabe, que aconteceu na Tunísia, logo tive a sensação de estar contemplando um dos momentos da história de maior ebulição política que já pudera presenciar. Incrível! Vejam só: Um país com uma prática política pautada no imperialismo, com um mecanismo que acaba por seu um vetor potencial para a contigência das mazelas (a religião) ser alvo de uma revolução popular que reivindica a construção de um modelo político democrático. Isso sim é algo que não se vê todo dia. Quer mais? Como se não bastasse, todo o mundo árabe sentiu as mesmas aspirações tunisianas por liberdade e passaram a adotar o mesmo comportamento. o mundo árabe é repleto de países que tem o Islamismo parte integrante na política. Sabemos o perigo que há em trabalhar com política e religião unificadas. Mas sempre foi uma rotina neste trecho do mundo, pois todos os países integrantes não conhecem os modelos democráticos. Os mais aplicados são as típicas "teocracias".

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

VITÓRIA FÁCIL, NÃO TRANQUILA!

Olá, meus caros!


Na semana passada o cenário político brasileiro deu espaço para um assunto que por si só, é um expoente dentro das grandes discussões da diplomacia e da sociedade civil brasileira: O salário mínimo. Desde o ano passado, quando Lula havia acordado com as centrais sindicais sobre o aumento do salário de R$510 para R$540, esse assunto já se apropriava de seu espaço cativo dentro da pauta da presidente Dilma. Dito e feito: Semana passada tivemos uma eleição tranquila a favor do Governo, que conseguiu aprovar o novo salário de R$545. Na emenda também foi aprovada o modelo atual de reajuste do salário até 2014. Depois da eleição

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

"RENOVAÇÃO" POLÍTICA

Olá, meus caros!


Estou postando atrasado por complicações em meus horários. Não via a hora de poder dissertar para os meus nobres leitores sobre a tão supracitada "renovação" no Congresso Nacional. No último dia 1º de fevereiro vimos a posse do novo Congresso. Além de ícones como Pedro Simon (PMDB-RS), Aécio Neves (PSDB-MG) no Senado e Rodrigo Maia (DEM), e Arlindo Chinaglia (PT-SP) no Câmara dos Deputados, contamos com a reafirmação de marajás da política brasileira como ACM Neto (DEM-BA), Paulo Maluf (PP-SP), Garotinho (PR-RJ) e Silas Camara (PSC-AM), além do senador reeleito à presidência do Senado José Sarney (PMDB-AP). Este merece um artigo à parte, não acham? Enfim...No mesmo dia, também vimos figuras folclóricas adentrar às casas civis. Romário (PSB-RJ), Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Tiririca (PR-SP) deram, digamos, uma "requintada" ao ambiente tradicionalmente tenso. Paradoxos e contradições à parte, falemos daquilo que realmente é inerente à pauta: O futuro político brasileiro. Estamos vendo, de fato, um novo congresso se formando. No entanto, não sugiro que se encham de esperança. O Congresso passa a contar com uma maioria expressiva de membros da base governista. Isso representa um ótimo sinal para a nova presidenta. Terá grande facilidade para aprovar suas emendas constitucionais (PEC's), além de obter grandes parcerias para executar as demais fases do seu programa cargo-chefe, o PAC.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

OS PRIMEIROS PASSOS DE DILMA COMO CHEFE DE ESTADO

As primeiras semanas da presidenta Dilma estão sendo bem conturbados. Catástrofes naturais em todo o Brasil (Com destaque para a Região Serrana do RJ), afrontas italianas referente à Battisti, A “novela ENEM”, e, uma outra questão que, sem sombra de dúvidas, será um percalço respeitável em sua gestão. A criação da “Comissão da Verdade”. Não digo à toa. Em entrevista a alguns repórteres presentes à sua posse do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general José Elito Siqueira afirmou entre outras, que "...os desaparecidos (políticos) são história da nação, de que não temos de nos envergonhar ou nos vangloriar". Este é o mesmo militar indicado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim para assumir a pasta. Segundo a matéria da revista Época ( Edição 660, do dia 08/01/2011), Dilma, insatisfeita com a dissonância dos comentários de seu ministro, o chamou para uma conversa reservada acerca do ocorrido.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Bem-vindos!!!

Olá, meus caros!

Este é o meu primeiro post. Estou bastante animado! Espero poder satisfazer aos entusiastas e simpatizantes de asssuntos políticos e agregar conhecimento, por meio de debates localizados e pontuais sobre este amplo tema que é a Política. E aguardem, pois além de mim, outros autores estão por vir. Sem mais delongas, que os debates comecem!!!

Saudações!